As contas das estatais federais brasileiras devem encerrar 2024 com o maior déficit em 15 anos. Segundo previsões do governo, o rombo será de R$ 3,7 bilhões, superando o saldo negativo de 2009, que foi de R$ 3,8 bilhões. De janeiro a agosto deste ano, o déficit já acumula R$ 3,3 bilhões.
Esse resultado reflete o desempenho de mais de 100 empresas estatais, que atuam em setores como infraestrutura, telecomunicações e agropecuária. Entre as empresas com maior déficit estão a Emgepron (projetos navais), Correios, Infraero e Dataprev (responsável pela tecnologia da informação do governo federal). No entanto, Petrobras, Eletrobras e os bancos públicos não fazem parte dessa contabilidade, devido a suas características de governança e capital.
A justificativa do governo para o déficit está no aumento dos investimentos, como em máquinas e tecnologia. O Ministério da Gestão e da Inovação explica que esses gastos estão sendo cobertos com recursos próprios das empresas, sem a necessidade de aportes do Tesouro. O governo ainda destaca que, em anos anteriores, especialmente entre 2018 e 2021, houve superávits elevados, gerados por recursos que não foram utilizados na época e ficaram guardados no caixa das empresas.
Algumas empresas tentam explicar seus déficits. A Emgepron afirma que os resultados negativos refletem investimentos em fragatas para a Marinha, enquanto os Correios alegam que o déficit foi herdado do governo anterior, mas que adotaram medidas para reduzir despesas e aumentar receitas, sem a necessidade de novos aportes governamentais. A Infraero e a Dataprev também afirmam que os déficits são cobertos por recursos próprios e que não apresentam prejuízos operacionais.